Desde pequena eu penso numa máquina que me respondesse qualquer pergunta com exatidão. Eu realmente lembro de mim com meus 8-anos-sei-lá visualizando essa máquina como um óculos, e apareceria a reposta pela lente... Apesar desse objeto ser estranho, o mais estranho eram as perguntas que eu fazia. As quais eram completamente impossíveis, eu buscava respostas do tipo: Quantas pessoas no mundo estão com chiclete grudado no cabelo? Quantas pessoas estão se cortando com uma folha de papel agora? Quantas pessoas estão sendo cagadas por pombos?
Escrevendo esse texto, reparei que quando eu era pequena tentava pensar na coisa mais incomum para tentar achar o mínimo de pessoas no mundo fazendo a mesma coisa. O objetivo era achar a pergunta que me daria a resposta de que apenas uma pessoa no mundo inteiro estaria fazendo algo sozinha (Inclusive eu nunca fiz essa pergunta direta porque a graça era achar a pergunta mais limitante possível). Acho que era uma curiosidade de saber se o mundo é tão grande o suficiente para ter várias pessoas fazendo coisas estranhas ao mesmo tempo, desafiando as probabilidades do planeta.
Depois de muitos anos, o estranho se tornou eu ainda "usar" essa máquina nas minhas observações (Isso se deve por uma característica minha muito forte que é ver as coisas com olhos de criança, ou seja, ver beleza onde não tem e me impressionar com pouco. Como por exemplo, achar bonito uma menina de aparentemente 4 anos brincando de amassar latinhas para os pais em pleno ano novo. Naquele momento, nem eu, nem a menina pensamos no lado ruim daquela "brincadeira"). Porém, hoje em dia eu não fico mais buscando a pergunta "da única pessoa fazendo algo sozinha", eu vejo algo peculiar, como duas pessoas tropeçando ao mesmo tempo, e me pergunto: "Quantas pessoas no mundo tropeçaram simultaneamente com elas?"
Eu nunca tinha refletido sobre isso tudo, é apenas uma brincadeira introspectiva como a de não pisar nas linhas do chão. Muitas pessoas fazem isso depois de grande (eu). Até que um dia eu estava andando de ônibus e vi um cartaz com uma mensagem de amor preso no sinal e pensei: "Quantas pessoas no mundo estão achando seus cartazes pelas ruas e se emocionando?" Naquele momento, quase que instantaneamente, me veio um brainstorm sobre o sentido disso... Você pode estar fazendo exatamente a mesma coisa, e ao mesmo tempo, que bilhões de pessoas no mundo e até fora dele... Mas isso não vai deixar de ser único pra você ou para as pessoas a sua volta. Tudo que a gente faz é único, até copiar. Pois uma mesma mensagem não toca corações iguais; uma mesma peça teatral pode ser a melhor peça da vida de duas vidas completamente diferentes, por motivos diferentes em dias diferentes.
Nós somos o que marcamos e deixamos para outras pessoas e para nós mesmos. Momentos, experiências, conversas, toques físicos e morais... Essa parte você pode interpretar como algum legado após a morte, mas esse é um efeito durante a vida, o qual faz com que as pessoas que você se distancia se lembrarem de você, e faz manterem um sentimento mesmo não mantendo contato; e se você fez algo negativo não deixa o tempo curar, pois certas marcas que deixamos no coração dos outros tem força além tempo. Então só atitudes mudam outras atitudes. Faça algo para mudar, faça algo para manter, faça algo para aumentar, faça algo para marcar... Faça algo e será único.
— Stephany Sousa.
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